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RITUAIS
RITUAIS

 

RITUAL DE PERSÉFONE

Realize esse ritual no último dia da lua minguante  e enquanto ela estiver no  signo de Virgem. Você precisará de: 1. uma romã, 2. folhas secas de manjericão, 3. uma tigela pequena de cerâmica com um punhado de terra fresca, 4. seu caldeirão com água pela metade, 5. um punhado de alecrim fresco, 6. duas velas negras, 7. um punhado de sal marinho 8. flores do campo.
Vista uma roupa negra, mas que não seja calça comprida. Dê preferência a algo  bem solto, uma túnica, por exemplo. Comece o ritual traçando um círculo com o  sal marinho. Coloque água fervendo no caldeirão até sua metade e despeje  delicadamente as ervas dentro dele. Deixe o aroma do alecrim e do manjericão  penetrar seu corpo. Acenda as duas velas, ladeando o caldeirão, diante do qual  colocará o pote com terra; espalhe as flores dentro do círculo. Com o seu atame,  trace um pentagrama no ar e, depois, sente-se dentro do círculo, diante do  caldeirão,
voltada para o norte e deposite o atame à sua frente. Você já deve Ter reparado  que a romã não foi colocada dentro do círculo. Ela deve permanecer o tempo todo  que durar a visualização sobre seu altar ou, no caso de não possuir um, sobre  uma mesa limpa. Relaxe lentamente, procurando coordenar sua respiração com as  batidas cardíacas. Enquanto respira, procure fixar seus olhos na fumaça que sai  do caldeirão e tente acompanhar o seu trajeto. Aos poucos seus músculos estarão  descontraídos e você terá a sensação de estar voando. Visualize, então, um campo  de trigo. Note que ele se assemelha a um grande oceano, cujas ondas se agitam ao  bater do vento. Deixe seu corpo ser levado ao longo do campo pela suave  ondulação que a brisa provoca.
Repare que um lindo falcão descreve sinuosas curvas no céu, e você, por um  instante, parece estar observando uma velha bordadeira confeccionando a concha  de casamento de alguma princesa. Num dado momento, o falcão descerá ao campo,  como se procurando algo. Observe. Note que ele vem vindo na sua direção. Não tenha medo. Ele pousará na sua mão  esquerda, e, de seu bico, sairá uma chave de ouro. Você ficará imóvel por um  instante, e logo a ave alçará vôo e desaparecerá entre as nuvens. Na sua mão  restará apenas a chave. Guarde-a e continue a explorar o campo de trigo. Depois  de Ter andado bastante, encontrará uma bela mulher que lhe dará um lindo baú de  carvalho. Pegue a sua chave e abra o delicado baú. Dentro haverá um espelho de  prata. Mire-se e nele verá refletido o seu rosto. A mulher ficará a seu lado por  alguns minutos e depois sairá caminhando lentamente pelo campo. Siga-a, e  chegarão a uma pequena clareira. Fique do seu lado externo, onde o trigo está  plantado. A clareira se abrirá devagar, até formar um buraco que docemente  engolirá a magnífica dama. Numa fração de segundos o buraco se terá transformado  num pequeno lago de águas cristalinas. Terão sumido o baú e a chave; restando em  sua mão apenas o espelho, que você deverá jogar na água; tente, então,  localizá-lo, espiando da margem do lago. Continuando a busca, você verá que cada  espelho reflete um rosto, estando o seu refletido apenas no que você jogou no  lago. Quando o encontra e a pega, uma intensa onda de felicidade a envolve.  Abandone a visualização e desfaça o círculo com seu atame. Recolha tudo e  embrulhe as velas, as flores, as ervas e o sal, e deposite esse material usado  ao pé de uma grande árvore. Pegue, então, a romã e, antes de comê-la, repita  três vezes este encantamento:

Falcão do campo sagrado Tua chave eu recebi,  Perséfone me deu um agrado E  no espelho me descobri Que no lago eu me veja Que a sombra se desfaça E que  assim seja E assim se faça!

Por meio desse ritual, estabelecemos contato com  nossa verdadeira identidade, que, desde muito cedo, aprendemos a camuflar,  chegando a ponto de esquecer totalmente a nossa verdadeira face. Na bruxaria reaprendemos a nos ver com os olhos do Falcão e recuperamos as  passagens que nos levam à identidade perdida. Para nos resgatar, entretanto, é  necessário estabelecer o olhar para o outro, pois só assim podemos nos  reconhecer complemente. Olhar apenas para si próprio não leva ao resgate da  identidade, porque ela implica, necessariamente, disponibilidade para com os  outros seres. Foi por amor ao ser humano e toda a natureza que Perséfone retornou a Terra e  estabeleceu um pacto com sua mãe, permitindo que todos os seres vivos  recuperassem o alimento de que tanto precisavam. A Deusa, enquanto Perséfone  mostra-nos que só pelo amor ao outro florescemos. Tente realizar esse ritual pelo menos quatro vezes por ano e nunca deixe de  realizá-lo durante a primavera, estação de Perséfone.